Projeto Café leva expertise do sul do Amazonas para outros estados

Por Marina Yasbek, pesquisadora do Idesam

De 24 a 30 de novembro, o Idesam participou de uma atividade da Plataforma Experimental para Gestão dos Territórios Rurais da Amazônia Legal (Petra), gerido pela ONF Brasil e apoiado pela ONF Internacional e Peugeot.

A ação ocorreu em Cotriguaçu, no estado do Mato Grosso, onde a Fazenda São Nicolau (FSN) começou a ser reflorestada há 20 anos pelo projeto “Poço de Carbono Peugeot/ONF”; desde então, centenas de hectares de remanescentes florestais foram recuperados.

Localizada em meio a assentamentos rurais e demais fazendas, a Reserva Legal da própria FSN está ameaçada constantemente pelo aumento das invasões, quase sempre precedidas de queimadas para o plantio de pasto. Contudo, diversos igarapés e nascentes – que nunca haviam sumido – secaram em 2016, segundo o relato de muitos agricultores familiares da região Norte do país. Assim, o movimento é de crescimento do interesse da sociedade em geral por alternativas produtivas capazes de representar desenvolvimento sustentável de fato.

O intuito da oficina de três dias “Avaliação das condições para a formação de um cluster café agroflorestal” foi principalmente a troca de experiências entre os produtores e os atores locais envolvidos com revitalização do cultivo do café na região, como a Secretaria de Agricultura Familiar do Estado, a Secretaria de Meio ambiente, a Empaer (órgão de assistência técnica do Estado), e o Instituto Centro de Vida (ICV), ONG com 25 anos de atuação na região.

Nesse contexto, o projeto executado em Apuí serve de modelo por diversas semelhanças, tanto ambientais quanto socioculturais. Exemplos de arranjos agroflorestais são muito esparsas no assentamento, entretanto muitos possuem cafezais aptos a serem reformados e com interesse, por parte dos produtores, em investir na atividade.

>> Confira o relatório Projeto Café Apuí: Resultados e Perspectivas

O contato foi positivo e relevante num cenário de valorização e investimento em cadeias produtivas sustentáveis, baseadas em produtos que sejam interessantes ao agricultor familiar. A proposta de formação de um grupo – liderados pela Fazenda São Nicolau – vai ao encontro da necessidade cada vez mais imprescindível de atuação coletiva, organizada, focada e ciente do papel que sua escolha representa hoje na sociedade.

A situação do avanço de queimadas e degradação dos corpos d’água está critica na Amazônia. Precisamos de força e foco em 2017 para seguir fortalecendo as alternativas em que acreditamos serem válidas para o planeta.

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