[:pb]Negócios de Impacto: quem se beneficia com a economia da floresta?[:en]Impact businesses: who benefits from the forest economy?[:]

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Por Comunicação Idesam
Foto: Divulgação

Geração de renda e preservação da floresta são dois conceitos que precisam caminhar juntos. Com o universo de empreendimentos apoiados pelo Programa de Aceleração e Investimento de Impacto da Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA), o que tem se observado na prática são verdadeiros exemplos da quebra deste falso antagonismo. Ao todo, os negócios apoiados pela segunda fase do programa conseguem gerar cerca de 600 empregos e impactar positivamente em torno de 2 mil famílias com suas atividades.

Esses números traduzem o impacto real que atividades sustentáveis podem causar na sociedade, proporcionando condições para uma geração de renda de maneira digna e permitindo que essas pessoas atuem em trabalhos que ajudam na proteção da floresta. Na região de Medicilândia, no Pará, a Cacauway é um dos 15 negócios apoiados pela PPA que traz no seu DNA esse objetivo. Liderada pela Cooperativa Agroindustrial da Transamazônica (Coopatrans), foi criada para ampliar a renda dos cooperados, cuidando para que as amêndoas de cacau produzidas por eles fossem beneficiadas no próprio local. 

“A cooperativa surge da iniciativa de alguns agricultores da região de Medicilândia, com o objetivo evitar que as amêndoas de cacau produzidas passassem pelas mãos de atravessadores e fossem gerar emprego em outro Estado. Queríamos processar as amêndoas no próprio local, gerar mais emprego e renda para as pessoas dali”, ressalta Hélia Félix, engenheira agrônoma e uma das responsáveis pela marca.

Em mais de 10 anos na produção de chocolates produzidos de maneira sustentável, o negócio conseguiu agregar entre 30% e 50% de valor na amêndoa, percentual repassado totalmente aos cooperados. Com isso, a Cacauway também é responsável por gerar 20 empregos diretos e mais de 50 indiretos, além de apoiar mulheres artesãs que produzem embalagens para os chocolates utilizando a folha de cacau desidratada.

Assim como a Cacauway a Nakau/Na Floresta também defende a conservação da floresta e sustentabilidade econômica para seus povos por meio do fornecimento de alimentos éticos e íntegros. Criada em 2013 pelo biólogo Artur Coimbra, a empresa atua com produtores localizados nos rios Madeira e Amazonas, espalhados por 6 municípios e impactando diretamente oito famílias, que fornecem matéria-prima e recebem apoio técnicos para a produção. Além disso, indiretamente, outros 24 produtores estabelecem algum tipo de relação com a cadeia produtiva da empresa, registrando um aumento de 120% na renda por conta da atividade do cacau.

Ainda no mercado de alimentos apoiado pela PPA, a Nossa Fruits propõe comercializar comida natural e saudável para melhorar a qualidade de vida das pessoas, aliando esse benefício à redução do desmatamento e incremento na renda de produtores do município de Curralinho.

“As regiões produtoras de açaí eram muito pobres e, ao mesmo tempo, a cadeia produtiva no Pará é pouco eficiente. Como, por um lado, a logística fluvial em distâncias grandes é complicada e cara e, por outro lados, os produtores têm dificuldades em se organizar em cooperativas, a cadeia produtiva do açaí conta com muitos intermediários que deixam os produtores com uma renda baixa e encarecem o produto final”, destaca Damien Binois, fundador da empresa. 

Os riscos de mercados antes não explorados

Se aventurar por mercados ainda não explorados por grandes empresas envolve assumir riscos e o custo Amazônia. Nesses casos, a função social desses negócios ganha ainda mais importância do que simplesmente o lucro. Desafiadas pelas questões logísticas inerentes a geografia amazônica, muitas vezes esse risco pode se tornar em oportunidade no empreendedorismo social.  

Apoiada pelo programa da PPA, a Prátika Engenharia nasceu da oportunidade de um setor promissor no País e que ao mesmo tempo gera impacto ambiental e social positivo para comunidades no interior da Amazônia: a energia solar. Mesmo sem produzir os painéis, a empresa atende a essas populações locais oferecendo condições de pagamento que facilitam o acesso a uma energia limpa, além de levar um serviço onde outras empresas sem essa consciência não chegariam. 

“Coisas que parecem muito naturais na cidade, como tomar água gelada, não são uma realidade para os ribeirinhos, porque quando tem energia a diesel, por ser cara, o freezer não permanece ligado durante todo o dia. Temos casos até de uma cliente que depois de instalar o sistema solar viu uma oportunidade de montar um comércio na sua comunidade. Então temos consciência de toda essa parte social do nosso projeto”, aponta Adriano Pantoja, um dos fundadores da Prátika Engenharia.

Também de olho nessas questões logísticas, a startup NavegAM é outra iniciativa apoiada pela PPA, que busca otimizar o transporte fluvial na região Amazônia, facilitando o acesso a informações sobre frete e transporte de passageiros. Segundo a NavegAM, mais de 22 milhões de viagens são realizadas anualmente a partir do Porto de Manaus, que ainda não conta com um sistema totalmente automatizado e interligado.

Iniciativas como a NavegAM e Prátika Engenharia conversam diretamente e poderiam beneficiar empreendimentos como Serras Guerreiras de Tapuruquara, que atua com o turismo indígena de base comunitária. Com a atuação junto a 13 comunidades indígenas na região do município de Santa Isabel do Rio Negro, no norte do Amazonas, um dos grandes desafios vividos pelas comunidades é a busca por soluções sustentáveis e autônomas para acesso à água e geração de energia. 

“Os povos indígenas do Médio Rio Negro enfrentam problemas de gestão territorial e ambiental, com pressões e ameaças externas de pesca e caça ilegais e mineração. Mas a nossa atuação com as atividades turística sustentáveis trouxe diversos benefícios não só comerciais. Percebemos que jovens estavam resgatando práticas culturais e até mesmo criando novas tradições”, observa Jaciel Rodrigues, da etnia Baré e atual coordenador do projeto Serras Guerreiras de Tapuruquara. 

Promovendo o encontro das pessoas dos centros urbanos com os povos da floresta por meio da arte é o principal mote da Tucum, negócio de impacto criado em 2012 que também beneficia comunidades tradicionais. A Tucum difunde os saberes ancestrais de dezenas de povos indígenas brasileiros, com 10% do valor recebido retornando diretamente para a comunidade onde o artesanato foi produzido. “É um modo que a gente encontrou de o nosso serviço impactar duas vezes a comunidade”, explica Amanda Santana, uma das fundadoras.

Troca de conhecimentos com agricultores, em congresso realizado pelo Instituto Ouro Verde

Conhecimento que impacta

Preparar pessoas para os desafios econômicos, sociais e ecológicos da Amazônia do século 21, é a proposta que a Academia Amazônia Ensina (AAE) defende como modelo de negócio de impacto. Junto com outras iniciativas apoiadas pela PPA, a startup tem o conhecimento como principal commodity. Nesse aspecto, a AAE se assemelha ao Instituto Ouro Verde (IOV), que atua no Mato Grosso junto a agricultores familiares fomentando uma rede de colaboração e de reforço a práticas produtivas sustentáveis.

Hoje o Instituto atua em oito municípios com núcleos estabelecidos e facilita o acesso dos agricultores a recursos para restauração de áreas degradadas e transição agroecológica para sistemas de produção de alimentos, aproximando consumidores e produtores familiares. O IOV também articula aproximadamente 1.200 famílias de agricultores familiares e já apoiou o plantio de 2,7 mil hectares de sistemas agroflorestais, 190 projetos de microcrédito e a comercialização de cerca de R$ 2 milhões de produtos anualmente. 

Na mesma pegada, a ManejeBem também busca conectar agricultores e técnicos, atacando o problema da falta de assistência técnica especializada em produção sustentável. Atualmente, a iniciativa atua no Maranhão em parceria com a Ambev, envolvendo 75 produtores familiares para a qualificação como fornecedores. Ela já realizou mais de 20 mil horas de serviço de assistência técnica remota. 

O grupo de 15 empresas que participa do Programa de Aceleração da PPA em 2020 é composto por negócios que trazem soluções em agricultura e pecuária sustentável, manejo e produção florestal, produtos e serviços ambientais, educação para conservação do meio ambiente, mitigação e adaptação às mudanças climáticas, entre outros. Três cooperativas extrativistas também integram a turma, o que proporciona trocas de experiências construtivas entre os apoiados. 

“Acreditamos no fortalecimento da economia da região Amazônica por meio do apoio a negócios com soluções de impacto e pautados pela sustentabilidade. O programa da PPA é uma oportunidade para fortalecer essas iniciativas inovadoras que geram renda e valorizam a biodiversidade por meio de práticas inclusivas e justas”, defende Mariano Cenamo, diretor de novos negócios do Idesam. 

Para conhecer mais sobre o programa e as empresas apoiadas pela PPA, acesse http://aceleracao.ppa.org.br/

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By Idesam Communication

Translated by Felipe Sá

Photo: Disclosure

 

Income generation and forest conservation are two concepts that need to go together. With the universe of enterprises supported by the Acceleration and Impact Investment Program of the Partners for the Amazon Platform (PPA, in Portuguese), what we have seen in practice are true examples of how wrong it is to antagonize them. In all, the businesses supported by the second phase of the program manage to generate around 600 jobs and positively impact around 2 thousand families with their activities.

These numbers translate the real impact that sustainable activities can have on society, providing conditions for generating income in a respectful way and allowing these people to work in jobs that help protect the forest. This is exactly what Cacauway does. The initiative located in the Medicilândia region, in the state of Pará, is one of the 15 businesses supported by PPA. Led by the Transamazônica Agroindustrial Cooperative (Coopatrans), it was created to increase the income of the cooperative members, making sure that the cocoa beans produced by them do not leave the site  to be benefited.

“The cooperative was created as a result of the initiative of some farmers in the Medicilândia region, with the goal of preventing cocoa beans from passing through the hands of middlemen and creating jobs in another state. We wanted to process the almonds on site, create more jobs and income for people there”, says Hélia Félix, agronomist and one of the brand’s managers.

In over 10 years of sustainable chocolate production, the business managed to add between 30% and 50% of value to the almond, a percentage passed on entirely to the cooperative members. With this, Cacauway is also responsible for generating 20 direct jobs and more than 50 indirect jobs, besides supporting women artisans who produce packaging for the chocolates using the dehydrated cocoa leaf.

Like Cacauway, Nakau/Na Floresta also advocates for forest conservation and economic sustainability for its peoples by providing ethical and wholesome food. Created in 2013 by the biologist Artur Coimbra, the company works with producers located on the Madeira and Amazon rivers, spread over 6 municipalities directly impacting 8 families, who supply raw material and receive technical support for the production. In addition, indirectly, another 24 producers have some kind of relationship with the company’s production chain, registering a 120% increase in income due to the cocoa activity.

Also in the food market supported by PPA, Nossa Fruits is committed to selling natural and healthy food to improve people’s quality of life, combining this benefit with reduced deforestation and increased income for producers in the municipality of Curralinho.

“The regions that produce açaí were very poor and, at the same time, the production chain in Pará was inefficient. Since, on the one hand, river logistics over long distances are complicated and expensive and, on the other hand, producers have difficulties in organizing themselves in cooperatives, the açaí production chain has many middlemen who leave producers with a low income and make the final product more expensive”, highlights Damien Binois, the company’s founder.

The risks of markets yet to be explored

To enter into markets not yet explored by big companies involves taking risks and to face the “Amazon cost”. In these cases, the social purpose of these businesses gains even more importance than simply the profit. Challenged by the logistic issues inherent to the Amazon’s geography, many times this risk can become an opportunity on the social entrepreneurship.

Supported by PPA’s program, Prátika Engenharia was born from the opportunity of a promising sector in the country that at the same time generates positive environmental and social impact for communities in the interior of the Amazon: solar energy. Even without producing the panels, the company serves these local populations by offering payment conditions that facilitate access to clean energy, in addition to taking a service where other companies without this awareness would not arrive.

“Things that seem very normal in the city, like drinking cold water from the refrigerator, are not a reality for the riverine people, because when there is diesel-powered energy, because it is expensive, the refrigerator does not stay on all day long. We have a client who after installing the solar system saw an opportunity to set up a business in her community. So we are aware of this whole social part of our project”, points out Adriano Pantoja, one of the founders of Prátika Engenharia.

Also keeping an eye on these logistics issues, NavegAM is another initiative supported by PPA, which seeks to optimize river transport in the Amazon region, facilitating access to information on shipping and passenger transport. According to NavegAM, more than 22 million trips are made annually from the Port of Manaus, which still does not have a fully automated and interconnected system.

Initiatives such as NavegAM and Prátika Engenharia go hand in hand and could benefit enterprises such as Serras Guerreiras de Tapuruquara, which works with community-based indigenous tourism in the region of the municipality of Santa Isabel do Rio Negro, in northern Amazonas. One of the great challenges experienced by them is the search for sustainable and autonomous solutions that grant access to water and energy generation.

“The indigenous peoples of the Médio Rio Negro face territorial and environmental management problems, with external pressures and threats of illegal fishing, hunting and mining. But our work with sustainable tourism activities has brought many benefits, not only commercially. We realized that young people are recovering cultural practices and even creating new traditions”, points out Jaciel Rodrigues, from the Baré ethnic group and current coordinator of the Serras Guerreiras de Tapuruquara project.

Bringing people from urban centers together with those living in the forest through art is the main goal of Tucum, an impact business created in 2012 that also benefits traditional communities. Tucum disseminates the ancestral knowledge of dozens of Brazilian indigenous peoples, with 10% of the earned value returning directly to the community where the craftwork was produced. “It’s a way we found to have our service impact the community twice”, explains Amanda Santana, one of the founders.

Troca de conhecimentos com agricultores, em congresso realizado pelo Instituto Ouro Verde

Impactful knowledge

To prepare people for the economic, social and ecological challenges of the Amazon of the 21st century, is the proposal that Academia Amazônia Ensina (AAE) holds as an impact business model. Together with other initiatives supported by PPA, the startup has knowledge as its main asset. In this regard, AAE resembles the Ouro Verde Institute (IOV, in Portuguese), which works in the state of Mato Grosso with family farmers fostering a collaborative network, strengthening sustainable production practices.

Today, IOV operates in eight municipalities with established centers and facilitates farmers’ access to resources for the restoration of degraded areas and the agroecological transition to food production systems, bringing consumers and family producers closer to one another. They also bring together approximately 1,200 family farmers and have supported the planting of 2,700 hectares of agroforestry systems, 190 microcredit projects and the sale of approximately R$ 2 million in products annually.

ManejeBem also seeks to connect farmers and technicians, dealing with the problem of the lack of specialized technical assistance in sustainable production. Currently, the initiative operates in the state of Maranhão in partnership with Ambev, involving 75 family producers in order to qualify them as suppliers. It has already performed over 20 thousand hours of remote technical assistance service.

The group of 15 businesses participating in the PPA Acceleration Program in 2020 is made up of initiatives that bring solutions in sustainable agriculture and livestock, forest management and production, environmental products and services, education for environmental conservation, climate change mitigation and adaptation, among others. Three extractivist cooperatives are also part of the group, what provides constructive exchanges of experiences among the participants.

“We believe in strengthening the economy of the Amazon region by supporting business with impactful and sustainable solutions. PPA’s program is an opportunity to empower these innovative initiatives that generate income and value biodiversity through inclusive and fair practices”, says Mariano Cenamo, Idesam’s new business director.

To learn more about the program and the businesses supported by PPA, visit http://aceleracao.ppa.org.br/.

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