Projeto de agroecologia Sateré-Mawé encerra com capacitações

Texto de Ramom Morato
Edição de Priscila Rabassa

O Projeto Agroecologia e Fortalecimento da Produção Sateré-Mawé chega ao seu final com resultados positivos para os moradores da Terra Indígena (TI) Andirá Marau, localizada na divisa entre Amazonas e Pará.

Executado pelo Idesam com o apoio do Programa GATI – Gestão Ambiental Territorial Indígena, através de um convênio entre a FUNAI e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o projeto contribuiu para incentivar produções sustentáveis e ações de valorização e resgate da cultura tradicional.

Durante a atuação do projeto foi possível trabalhar com a produção de mudas de interesse, enriquecimento de roçados, manutenção de viveiros comunitários e ações voltadas às regras da certificação orgânica para a Comunidade Europeia, além de ações de educação ambiental envolvendo alunos e professores das escolas da TI.

Nessa última etapa, o Idesam promoveu um curso introdutório voltado para a criação de aves em sistema semi-intensivo, que se apresenta como alternativa para melhorar a oferta de carne e ovos nas comunidades. A atividade aconteceu no rio Marau, município de Maués, entre os dias 26 de julho e 16 de agosto de 2016.

A proposta central do curso foi discutir e incentivar a criação de galinhas de forma sustentável nas aldeias, bem como as medidas cabíveis para integrar a atividade com a agricultura no sentido de viabilizar e aumentar a produção já incipiente.

Durante o curso algumas lideranças compartilharam as dificuldades enfrentadas, não apenas por fatores ambientais, mas também sociais, devido ao aumento de áreas de proteção de pesca e caça que antes eram de livre acesso e usadas coletivamente. Dessa forma, a criação de aves surge como uma alternativa para diminuir os problemas enfrentados com a escassez de alguns alimentos dentro da TI.

Paralelamente, as mulheres e jovens puderam participar de uma capacitação em nutrição e aproveitamento integral de alimentos regionais, enquanto as crianças receberam oficinas de musicalização infantil.

As atividades foram realizadas na Escola Maria Rosa, na comunidade Ponta Alegre, localizada no rio Andirá. As práticas de musicalização tiveram como objetivo despertar a criatividade das crianças através do ritmo, melodia e harmonia visando valorizar a cultura dos mawés.
As aulas de música foram conduzidas pelos professores Gabrielle Queiroz e Danilo Caradori, onde seis turmas foram contempladas, atingindo cerca de 120 alunos e quatro professores.

“Com o corpo e a voz, os alunos puderam entrar em contato com músicas folclóricas brasileiras e apresentar as tradicionais dos mawés, contando com a tutoria do professor Onorato, mestre de música da etnia”, declara Queiroz.

As oficinas de alimentação saudável e aproveitamento integral de alimentos, ministradas pela especialista em nutrição humana e bióloga Terezinha Freire, atingiram cerca de 120 mulheres, entre merendeiras, idosas e jovens.

“A participação foi recorde dentro do projeto, uma evidência de que os conteúdos são pertinentes para a melhoria de vida das famílias ao atingir diretamente a segurança alimentar”, afirma Marina Reia, gestora ambiental do Idesam.

Durante o curso as participantes puderam elaborar uma série de receitas utilizando partes de alimentos que antes eram descartados, porém ricos em vitaminas e nutrientes, explorando a troca de conhecimentos e a criatividade das mulheres Sateré-Mawé. O objetivo foi tratar o tema da saúde e aspectos da soberania e segurança alimentar, assim como auxiliar na geração de renda das famílias que poderão vender os produtos.

Todas as atividades foram avaliadas positivamente pelos participantes e lideranças da TI, confirmando que as linhas de ação integrada pela proposta da agroecologia são úteis para o desenvolvimento local, agregando saúde e qualidade de vida em atividades básicas, como a agricultura, o ensino, a cultura e a alimentação.

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