Onde investir para acabar com o desmatamento no Amazonas

Bruno Calixto, do Blog do Planeta  

No mundo ideal, um estado como o Amazonas teria condição de investir e controlar o desmatamento em todo o seu território. Mas não é isso o que acontece. A quantidade de recursos financeiros e humanos é pequena, e a fiscalização fica concentrada na capital, Manaus. Como controlar o desmatamento quando os recursos são escassos?

Um estudo do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam) buscou descobrir quais os locais mais preparados para receber projetos ambientais. São municípios em que o “custo-benefício” seria melhor: pode-se investir pouco e conseguir grandes resultados no controle do desmatamento. O trabalho mostra que dois dos municípios que estão na lista dos que mais desmatam a Amazônia, Lábrea e Apuí, poderiam ser beneficiados.

O estudo tinha como objetivo mapear as cidades do Amazonas para encontrar quais os melhores locais para se investir por meio do mecanismo de Redd – Redução de Emissões de Desmatamento e Degradação. Esse mecanismo, que ainda está em negociação nas instâncias internacionais, permite que governos ou proprietários que preservam a floresta recebam pagamentos de empresas ou governos poluentes. O mapeamento, no entanto, encontrou um cenário caótico em termos de governança. “São muncípios imensos sem a presença dos órgãos ambientais. Os escritórios de fiscalização ficam centrados em Manaus, mas no interior não tem presença do estado”, diz Gabriel Carrero, do Idesam.

Segundo Carrero, há pouco interesse do Amazonas, o estado com a maior cobertura florestal da Amazônia, em investir em atividades florestais. Enquanto há incentivo para a pecuária – que está fortemente associada aos novos desmatamentos, para abrir terras para pastos -, não há o mesmo interesse em investir na economia floresal. “O Amazonas tem grande aptidão para a atividade florestal, mas é claro o descaso com o setor. Há pouco crédito, pouco investimento e poucas iniciativas do governo. As iniciativas privadas não são suficiente”, diz.

Como reverter esse quadro? Segundo Carrero, o governo pode começar em alguns municípios prioritários: Apuí, sul de Manicorá, Boca do Acre e sul de Lábrea. São municípios com taxas de desmatamento relativamente altas e que têm estrutura suficiente para a fiscalização. “Para quadro ser alterado, o governo precisa olhar para o potencial nesses municípios”, diz Carrero. Mas sem esquecer das demais florestas do Amazonas.

Fonte: http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/blog-do-planeta/noticia/2014/06/onde-investir-para-bacabar-com-o-desmatamentob-no-amazonas.html

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